O bairro fica no
caminho para o interior e é cortado pela estrada velha de Campinas. As tropas
militares que faziam esse caminho, levando boiadas vindas do interior para o
abate, paravam no local. As muitas casas de taipa existentes ajudaram no
batismo de Taipas e a parada dos oficiais complementou o nome Parada de Taipas.
Suas características
interioranas são visíveis até hoje. Os moradores se reconhecem ao se
encontrarem nas ruas. Não é raro ouvir que fulano “vai à cidade” quando vai ao
centro de São Paulo.
A coragem, a
fibra e a garra dos primeiros moradores da Parada de Taipas revelam como foi o
início dos loteamentos. São histórias de sofrimento, que se somam no processo
de construção da região. Nos primeiros anos, quase não havia casas “a Estrada
de Taipas era o principal acesso. A estrada era de chão e quando fazia sol,
poeira, e quando chovia, barro, e ai só passavam carroças. A região era coberta
de eucaliptos e mato fechado. Havia plantações de cana para os alambiques da
região.
Eram chácaras e
sítios de famílias herdeiras da fazenda São Pedro. No decorrer dos anos,
algumas chácaras e sítios foram loteados e urbanizados e outras foram ocupadas
de maneira irregular. A maioria dos proprietários era pobre, não tinha dinheiro
para entrar na justiça para exigir a reintegração de posse e perderam as
terras.
Foi o caso de
Baltazar Borges da Silva, 89 anos, que perdeu suas terras. “As pessoas
ocupavam, eu não tinha a quem recorrer, e perdi. Hoje, moro numa casa simples,
foi o que restou de uma vida de trabalho. Meu ganha pão eram as verduras e
legumes que plantei por 20 anos. Sofri um acidente de trabalho não consegui me
aposentar. Hoje vivo com uma pensão de um salário”.
Avelino José da
Rocha, 93 anos, nasceu na fazenda São Pedro, que era de seus avós. A fazenda
foi desmembrada em 76 pedaços de oito mil metros para cada um dos herdeiros.
Avelino manteve o nome de São Pedro em sua chácara, ali funcionava um
alambique, hoje funciona um pesqueiro. “Aqui era um brejo só, mas tinha muita
pastagem.
Minha casa é uma
das primeiras construídas no bairro. Era de taipa, com cipó e barro”, conta
Valdevina Bento. O nome Parada de Taipas foi dado pelos tropeiros que passavam
pela região em direção ao matadouro Pirituba. “Eles, os tropeiros, paravam aqui
para descansar a boiada no pasto antes de chegar no matadouro”, lembra.
Até os anos
1960, só havia uma linha de ônibus até a Lapa, que fazia duas viagens por dia,
uma de manhã e outra no final da tarde. Eu e muitos trabalhadores caminhávamos
até a estação do Jaraguá para pegar o trem com destino à Luz”. Élcio conta que
outros meios de transporte eram as carroças e cavalos.
“A maioria das pessoas que compraram terrenos aqui era famílias pobres, filhos de imigrantes portugueses, italianos, húngaros e em maior quantidade os migrantes do norte e nordeste do Brasil”, continua Valdevina.
Élio Pellcci,
filho de família italiana, nascido em 1932 em Parada de Taipas, diz que seu pai
chegou ao Brasil no final dos anos de 1920. “Meu pai e o pai da minha esposa,
que era português, trabalhavam nas pedreiras da região”.
O
desenvolvimento da região aconteceu de forma muito lenta em comparação com
outros bairros próximos. “Durante muito tempo, só havia o armazém da família
japonesa. O leite a gente pegava nas fazendas. A escola mais próxima era em
Perus, na vila só tinha 1ª e 2ª série, que funcionava em um barracãozinho da
Igreja Santa Cruz. Não havia ônibus até Perus. A gente caminhava a pé ou pegava
carona nos caminhões que transportavam cimento. As meninas eram as mais
penalizadas porque os pais não deixavam elas fazerem este trecho a pé, que na
época era só mato”, conclui Élio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário