sexta-feira, 28 de agosto de 2015

DEPOIMENTO DA MORADORA ROSA MESQUITA



“Nasci no bairro Parada de Taipas, tenho 70 anos de idade, muito bem vividos, fui criada em um sítio na Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, localizado a frente do mercado Rede Plus (antigo Realmark). Muita coisa mudou desde então e consequentemente melhorou também. Passei muitas dificuldades na minha infância e até mesmo depois de casada, pois nosso bairro era muito pobre e não tínhamos recursos financeiros. Passávamos “apertos”. Porém, tenho boas recordações da minha infância no sítio onde fui criada, lembro que havia muitos pés de frutas. Hoje tudo está mudado, é raridade vermos um pé de fruta em qualquer lugar que seja em especial no nosso bairro. Nosso bairro cresceu muito, hoje temos escolas, hospitais, comércio variado (lojas, padarias, supermercados, etc) muito diferente de antes. 
Porque antigamente em Taipas havia muitos sítios, olarias. Nessa região existiam casas feitas de taipa o que deu origem ao nome do bairro que antigamente era Parada das Taipas.
A Avenida Raimundo Pereira de Magalhães chamava Estrada Velha de Campinas. Foi construída por prisioneiros, eles usavam correntes nos pés durante a obra.
Onde hoje é o Hospital Geral de Taipas, pertencia ao Zé Maria, um português. No local havia muitas árvores. O Zé Maria também era proprietário de terras onde hoje é o Jardim Pirituba. Ele tinha muitas posses. Seu filho foi assassinado em uma das propriedades do pai.
No terreno da E.E. Gal Humberto de Souza existia um campo de futebol.
Na região da COHAB de Taipas existia plantação de batatas, área que pertencia a famílias de japoneses.
A primeira igreja do bairro foi a Capela Santa Cruz, ao lado do coreto de Taipas.
No espaço onde hoje é uma pracinha e tem o coreto se faziam leilões das doações que a igreja recebia, porém todo o dinheiro arrecadado os padres levavam para a igreja do Jaraguá. Nesse local também eram realizadas festas para a comunidade, por exemplo, quermesse (tinha jogos de roleta, pinhão). Acontecia sempre uma grande festa em 03/05, pois era dia de Santa Cruz.
Existia no bairro um baile, o local era de um português conhecido como “Sr. Castro”. Os carnavais também eram festejados nesse salão.
O Grupo Escolar da Parada de Taipas era de madeira, na minha época os diretores eram Sr. João e D. Neide, isso no governo do ex- presidente Getúlio Vargas; era localizado em frente a EMF Dale Coutinho, hoje ali tem um estacionamento e ao lado um rio. Lembro que na hora do lanche nós lavávamos as canequinhas na beira do rio. Só existiam duas salas de aula com turmas mistas. A primeira escola regular da região foi a EMEF Dale Coutinho, é a escola mais antiga daqui.
Na subida pra COHAB de Taipas, havia muitos eucaliptos.
No terreno onde hoje é um frigorífico, existia uma plantação de hortaliças e verduras, o dono também era um português.
As únicas vendas que existiam em Parada de Taipas era a do Sr. Uheda que ficava na esquina com a Avenida Raimundo Pereira De Magalhães com a Avenida Elísio Teixeira Leite (no farol, antes da subida pro Rincão) e a venda do Sr. “Bertinho”.
No terreno onde estão o banco Caixa Econômica Federal, Lojas Americanas e Lojas Pernambucas era uma chácara com muitas frutas, pertencia ao Sr. Teófilo.
A delegacia de Parada de Taipas ficava do lado do terreno da EMEF Dale Coutinho, onde hoje tem uma igreja evangélica. Os delegados foram: Fuad Smaire, Elias Baldini e Elias Moisés de Souza.
No espaço onde hoje é o Jardim Marilú, só tinha terras.
Onde hoje é o bairro Parque de Taipas existiam poucas casas, olarias e diziam que ali tinha uma represa. No Parque de Taipas tinha algumas pedras famosas marcadas pelo tempo, são elas: a pedra baleia era enorme e de fato parecia uma baleia na paisagem, mas um raio caiu e rachou a pedra. E a outra é a pedra: 7 camas, tem formatos de 7 camas uma ao lado da outra.
Onde hoje é o Atacadão de Taipas só exista mato, o dono era o Sr. Chico Pipeiro, ele também era dono de olaria.
Não havia hospitais em Parada de Taipas na minha época. Quando alguém ficava doente era preciso ir no Hospital Sorocabano, lá na Lapa, no Hospital das Clínicas ou ainda na Santa Casa.
Muitas vezes as crianças ficavam doentes e tentávamos “sarar” com chás ou medicamentos de casa mesmo. Mas, se não resolvesse íamos nos “benzedeiros”, em Pirituba ou em Franco da Rocha. Costumava ir a Franco da Rocha, a pé, e no caminho encontrávamos os “loucos” do Hospital Psiquiátrico do Juqueri, andandando pelas ruas, estradas de terra. E por vezes passava um carro preto e capturava os “loucos” fugitivos. A condução era quase inexistente. Havia somente uma linha de ônibus: LAPA-PARADA DE TAIPAS, o motorista se chamava Valter.
Onde fica o Realmark ou Rede Plus era o KM 24 da Estrada Velha de Campinas.
A área onde hoje é a Avenida Deputado Cantídio Sampaio até próximo do Jardim Damasceno, era chamada de Lajeado.
Onde hoje é o Hospital Previna do Grupo Plana Saúde, pertencia ao delegado Fuad.
As pessoas trabalhavam nas olarias, (fabricação de tijolos) quebravam pedras. O trabalho de quebrar pedras acontecia em especial no Botuquara, caminho pra Perus.
Antes não existia rede de água, pois era tirada dos poços. Não tínhamos energia elétrica, usávamos lamparinas e lampiões. Quando dava 20h todos já estavam em suas casas dormindo. Tínhamos colchão de palha de milho e travesseiro de flor de marcelinha.
Na rua onde se localiza a igreja Congregação Cristã no Brasil, era propriedade do Antônio de Nápoles, também português.
Não existia padaria, o pão vinha de Pirituba.
Onde hoje conhecemos por “Retão” existia muitos eucaliptos.
Antigamente tinha uma grande quantidade de alambiques. Três deles pertenciam aos irmãos: Bento Rocha, Lilo Rocha e Atílio Rocha.
O Atílio Rocha plantava cana no Jardim Rincão e tinha engenho lá também. No Parque de Taipas também havia plantação de cana- de- açúcar.
No Rincão ficava também o alambique do Luís Ferreira.
Por volta de 1977, foi aberto aqui na Parada de Taipas uma loja de material de construção, chamada: Irmãos Moços, funcionava onde hoje é o Multi Center. Esses irmãos eram donos também do terreno onde hoje é o Colégio Prígule e ali eles tinham uma mansão muito bonita, na Rua Angelo Gayoto. Terreno esse que já serviu de Batalhão da Polícia Militar.
Foi construído também por volta de 1977, o Mercado da Parada onde hoje é a loja de calçados Sérgio e a Bifarma. “E é isso, essa é a história da Parada de Taipas.”

2 comentários:

  1. Boa noite.ufa!que viagem maravilhosa no tempo.tambem naci a parada de taipas.conheci quase tudo isso.vonheci também o seu elho,querido porteiro da escola dá-lhe coutinho,padaria do Vicente,do vendo,e de muitas outras saldades que aguardo com carinho.o rigado por compartilhar comigo.fique com Deus

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  2. Boa noite. Alguem possui foto da Pedra 7 camas e a localização exata onde ficava? poderiam fornecer a foto?

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